Arttigo do filme "O Clube do Imperador".

É notável como as obras de arte possuem o poder de transmitir certas mensagens, em especial na área da educação podemos encontrar um vasto material para análise e reflexão em diferentes momentos do saber na obra cinematográfica “O Clube do Imperador”, obra essa que nos permite um desses momentos de reflexão, sendo que, o tema central é a educação. O filme nos convida a refletir sobre o papel da educação e seus rumos, podemos fazer um recorte tomando como base algumas fontes de saber, tais como: História, Filosofia, Didática, etc.
“O Clube do Imperador” nos apresenta a história de William Hundert (Kevin Kline) um conceituado professor de história da Antiguidade Clássica (Grécia e Roma) que ama seu trabalho. Hundert é um dos ícones da tradicional escola onde ministra suas aulas. Respeitado pela diretoria e pelos alunos, todos os anos esse professor organiza uma competição cultural que se tornou clássica no colégio, o “Clube do Imperador”.
No inicio do ano letivo o professor Hundert como de costume procura incentivar o gosto de estudar os grandes acontecimentos relacionados aos generais, imperadores romanos, filósofos e artistas gregos. Sua nova sala é integrada por jovens de famílias importantes e um dos garotos em especial é filho de um dos ganhadores do concurso, o que leva Hundert a sentir-se mais instigado a dedicar-se da melhor maneira possível.
O filme retrata uma escola tradicionalista com uma forte presença da educação liberal, voltada para a formação individual de cada sujeito em detrimento da sociedade como um todo. Momentos marcantes do filme como quando o professor (Hundert), já não sabendo como proceder com o aluno rebelde, Sedgewick Bell, procura seu pai um importante senador, que ao ser questionado quanto às ações de seu filho diz, “Senhor Hundert, quem ira moldar meu filho será eu, o senhor tem a obrigação de apenas ensinar-lhe como as coisas aconteceram na história, ou quanto é a soma de dois mais dois”. Nessa cena percebemos que a educação para as classes mais privilegiadas nada mais é que um bem de troca, me “educo” para ascender socialmente. Aquela educação como crescimento pessoal ou forma de sabedoria, para uma sociedade capitalista não é mais válida.
A obra tem momentos de profunda reflexão e leva o expectador a se perguntar até que ponto a vida real não se confunde com a arte. Podemos pensar quando no inicio do filme a frase em latim, “Terminus pendeo in exordium", que quer dizer,” O fim depende do inicio” e no decorrer do filme vemos que o professor procura aplicar essa filosofia em suas aulas, transmitindo valores como, honra, respeito, admiração pelos grandes pensadores da história, etc. Contudo o que vemos é um “inicio” totalmente contrário ao que Hundert espera que o jovem internalize. Para Sedgewick Bell (O aluno rebelde), por mais que o professor Hundert tenha tentado levá-lo a internalizar tais valores, quem acaba tendo um papel decisivo em seu caráter é sua família, profundamente enraizada em valores deturpados, voltados para a hipocrisia, falta de honradez, ou seja, a concepção de que o mundo é dos mais “espertos”.
À obra também trata da questão dos valores e fica bem claro que, o que hoje é aceito por um meio social “amanhã” poderá já não ser mais aceito. Exemplo disso é o modelo que a escola tinha no inicio do filme, em que era só para garotos, e a mudança de valores que fica clara no final, onde a instituição passa a aceitar meninas e meninos juntos em sala de aula.
Em outros momentos o educador se vale da história para dar exemplos de como se deve agir, ele cita um conquistador do passado que por ter apenas ambição historicamente ficou desconhecido, Hundert diz, “ambição e conquista sem contribuição... Não tem significado”. Diria que é uma bela forma de apresentar valores que por mais que tenham séculos continuam vivos e cabíveis a nosso tempo. A pergunta que fica no ar é, “E qual será a contribuição de vocês? Como a história irá se lembrar de vocês?”. Vemos que esse apelo ético no modo de agir de cada um, ao final do filme decepciona profundamente o professor ao se deparar com Bell (o aluno desajustado), adulto e com os mesmos valores deturpados de outrora.

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